Este documento é o portefólio reflexivo de aprendizagens de Laurentino João Cardoso de Barros. Ele descreve sua infância e educação em Alfena, Portugal. Laurentino teve uma infância feliz apesar de desafios financeiros. Ele aprendeu a trabalhar na serralharia de seu pai e na agricultura com sua avó. Apesar de dificuldades, Laurentino concluiu o 6o ano com distinção.
2. ÍNDICE
IDENTIFICAÇÃO
PESSOAL
Laurentino João Cardoso de Barros
DATA DE NASCIMENTO: 1 de Junho 1973
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3. NATURALIDADE: Lugar do Reguengo
Freguesia de Alfena
Concelho de Valongo
Nº IRMÃOS: 11
ESTADO CIVIL: Casado
IDADE: 35 Anos
FILHOS: 1 filha
HABILITAÇÕES ESCOLARES: 6º Ano de Escolaridade
ACTIVIDADE PROFISSIONAL: Empresário na área da
serralharia
INTERESSES: Desporto, teatro, leitura de jornais e
revistas, passear e conviver com a família
INTRODUÇÃO
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4. RAZÕES DA INSCRIÇÃO NO PROCESSO DE RVCC-
SECUNDÁRIO
Porque defendo a mesma ideia, que está associada ao slogan
do programa Novas Oportunidades.
Para ver reconhecidos e validados os conhecimentos que
adquiri ao longo do meu percurso pessoal, formativo e
profissional.
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5. A MINHA HISTÓRIA DE
VIDA
INFÂNCIA DOS 0 AOS 6 ANOS
O meu nome é Laurentino João Cardoso de Barros, filho de
João Rodrigues de Barros e Esmeralda da Costa Cardoso.
Foto dos meus pais
Nasci no lugar do Reguengo, freguesia de Alfena, concelho de
Valongo, no dia 1 de Junho 1973. Sou o 7º de 12 filhos: 7 rapazes e 5
raparigas. A minha infância, como quase toda a minha vida, foi
passada em Alfena. Posso dizer que apesar de ter uma família
numerosa e pobre, tive uma infância muito feliz. Visto que as
diferenças de idades, entre nós, irmãos, eram em média 1 ano, foi
favorável em termos de organização familiar.
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6. Vivia numa casa muito grande e com um grande terreno de
cultivo e pinhal, onde juntamente com os meus irmãos, amigos e
vizinhos brincávamos e aprendíamos uns com os outros. Com os mais
velhos, entre outras coisas, aprendi a fazer cabanas. Cortávamos
estacas, das Austrálias e das Mimosas, para fazer a estrutura da
cabana, amarravam-se com fios e cordas, depois com os ramos das
árvores cobria-se a cabana, de forma a ficar bem vedada.
Brincávamos aos casais, os mais pequenos eram os filhos e
cada casal escolhia os seus. Fazíamos de conta que organizávamos
festas, lanches. Também, organizávamos jogos, tais como:
escondidas, cabra cega e caçadinhas.
Como é normal nesta idade, também aprendi algumas
traquinices, a minha preferida era fazer armadilhas. Recordo-me que
uma vez enchi um saco com pedras e meti-o por cima do tronco de
um sobreiro amarrado com um fio, para que, quando alguém se
aproximasse da minha cabana, pela parte da frente, tocava no ramo
que segurava o saco e levava com as pedras em cima da cabeça.
Certo dia tive azar, a minha avó que andava sempre a ver se
estávamos a fazer asneiras, foi ao pinhal aproximou-se da minha
cabana e levou com o saco das pedras na cabeça.
Nesse dia levei uma tareia do meu pai e aprendi uma grande
lição. A lição que aprendi foi que podia brincar, mas sem fazer mal às
outras pessoas, ou seja, sem fazer asneiras. Naquele dia, podia ter
magoado a minha avó com gravidade. Esta situação fez-me entender
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7. que nós devemos respeitar toda gente, principalmente os mais
velhos.
Nós adorávamos brincar ao ar livre, mas sabíamos que
tínhamos que cumprir certas regras: não podíamos estragar as terras
de cultivo da minha avó e não se podia cortar todas as árvores do
pinhal. A regra mais importante era que havia horas para brincar e
estudar.
Aos 5 anos, tive uma breve passagem, de apenas alguns
meses, pelo infantário do centro social e paroquial de Alfena. No
início chorava muito, pois não gostava de ir para lá. Estava habituado
a gozar da liberdade e não compreendia porque tinha de ficar
fechado, ter de obedecer a regras e horários, se tinha casa para
estar.
A LIBERDADE
Conforme vamos crescendo, vamo-nos apercebendo de valores
importantes como é a liberdade.
A liberdade é a capacidade que os indivíduos têm de escolher,
sem restrições, de fazer ou deixar de fazer alguma coisa, em virtude
da sua determinação, sem interferir com a liberdade dos outros.
A liberdade de cada um depende de muitos factores, ou seja, é
regulada pela organização política da sociedade, normas de conduta
e pressões sociais decorrentes das tradições, costumes e padrões
culturais predominantes nas comunidades onde vivemos.
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8. Em conclusão, a liberdade é a capacidade individual de
autodeterminação, caracterizada por conciliar a autonomia e o livre-
arbítrio com os múltiplos condicionantes naturais, psicológicos ou
sociais que impõem tendências ao agir das pessoas. É a capacidade
de pensamento, escolha e acção dos humanos, mas para que
vivamos numa sociedade harmoniosa, teremos sempre de respeitar
os outros e cumprir as regras prevista na lei.
Nessa época, já éramos 10 irmãos e as dificuldades financeiras
eram muitas, apesar de os meus irmãos mais velhos ajudarem a
minha mãe monetariamente.
Os meus irmãos também colaboravam com a minha mãe nas
tarefas domésticas, porque ela era muito doente e não podia tomar
conta de tantas crianças. Para além disso, ainda trabalhava em casa
e na confecção de roupa. De facto, foram tempos vividos com muitas
dificuldades.
A minha mãe estava sempre doente, passava muito tempo
internada nos hospitais, com dores nas pernas, dificuldade no andar,
cansaço, dificuldades respiratórias e durante muitos anos pensava-se
ser tuberculose, no entanto, não era, e os médicos não sabiam qual a
sua doença.
Por diversas vezes, a minha mãe esteve internada no Hospital
S. João, no Sanatório no Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia, e
no Hospital Joaquim Urbano. Contudo, no ano 1986, foi-lhe
diagnosticada sarcoidose, uma doença rara que, quando lhe foi
diagnosticada, só havia conhecimento de dois casos em Portugal.
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9. INFÂNCIA DOS 6 AOS 12 ANOS
Aos 6 anos entrei para a escola primária de Cabêda, em Alfena.
A minha primeira professora chamava-se Olinda, uma excelente
profissional, com quem aprendi muito.
Guardo boas recordações da D. Olinda lembro-me dela com um
grande carinho, pois foi um pilar muito importante na minha vida.
Estive com a professora Olinda até concluir a 3ª classe, ano em
que reprovei devido ao elevado número de faltas justificadas. O
motivo das faltas foi doença, na sequência de um acidente doméstico.
O acidente doméstico ocorreu em casa, depois das aulas. Como
éramos muitos irmãos jogávamos à bola, uns descalços outros com o
que houvesse para calçar. O meu irmão mais velho, o José Carlos,
calçava uns tamancos/socas de madeira do meu pai, ao chutar a bola
soltou-se um tamanco do pé, foi pelo ar e caiu em cima da minha
cabeça. De imediato desmaiei e fiquei com um grande golpe na
cabeça.
Após o sucedido, o meu pai levou-me a um enfermeiro que me
coseu a cabeça, mas o ferimento não foi bem tratado e infectou.
Penso que o enfermeiro se fosse um bom profissional teria rapado os
cabelos em redor da ferida e lavado com bastante água oxigenada ou
outro desinfectante, um procedimento que não teve. Também deveria
ter aconselhado os meus pais a levarem-me a um hospital para ser
observado por um médico. Assim sendo, o que aconteceu foi que o
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10. golpe foi piorando cada vez mais. Na sequência do acidente e da falta
de cuidados médicos fiquei com uma grande e feia infecção, que me
provocou muitas dores durante algum tempo. Constantemente a
infecção reaparecia, dirigia-ma à clínica, onde a lancetavam, mas
passados alguns dias surgia uma nova infecção, situação que se
repetiu por várias vezes. O local onde vivia era propício a infecções
devido às más condições financeiras, que se traduziam em higiene
deficiente e fraca alimentação. O meu pai tinha uma oficina de
serralharia em casa, local onde trabalhavam muitos empregados e
tinha muito trabalho, mas apesar de ganhar muito dinheiro,
infelizmente, também gastava muito.
Estive sem frequentar a escola durante mais de 3 meses.
Quando lá regressei, ainda, tentei recuperar o tempo perdido, com a
ajuda da professora Olinda. Cheguei a ir alguns dias, depois das
aulas, para casa da professora que morava em Ermesinde, estudar
para tentar recuperar o ano, mas não foi possível e reprovei.
No ano seguinte, fiquei na 3ª classe com a professora Luísa.
Não gostei muito desta professora porque era má, gritava e batia
muito nos alunos, era o oposto da professora Olinda, que era muito
boa para os alunos. Esta experiência permitiu-me aprender que duas
pessoas com a mesma profissão, apesar de desempenharem o
mesmo trabalho, procedem de forma diferente. Todavia, apliquei-me e
conclui a terceira e a quarta classe com sucesso e passei para a
escola preparatória.
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11. Frequentei a escola preparatória do Barreiro, em Alfena, onde
concluí o 5º e 6º ano. Gostei desta escola porque conheci novos
colegas e muitos professores. Na escola preparatória havia mais
liberdade e tínhamos muitos intervalos, mas tinha uma grande
desvantagem, a grande distância que separava a minha casa da
escola. Este factor fez com que tivesse de almoçar na escola e menos
tempo para fazer os trabalhos escolares.
Com a idade que tinha já mostrava alguma responsabilidade e
depois das aulas, chegava a casa e ia para a oficina do meu pai
trabalhar. Na oficina do meu pai faziam-se bancos e mesas em tubo.
Normalmente, era eu que fazia as pernas dos bancos. Para as fazer
utilizava um balancé manual que tinha um molde em que se metia o
tubo que estampava e curvava até ficar em forma de U. Depois
uniam-se os dois U’s em cruz com soldadura de eléctrodo para fazer
as quatros pernas. De seguida, fazia quatro furos em cada banco com
o berbequim, para apertar com parafusos o tampo de madeira. A
seguir, com uma pequena rebarbadora, rebarbava as soldas e
rebarbas dos tubos para não magoar as mãos.
Costumávamos fazer, também, grades e portões de ferro. Para
este tipo de trabalho eu cortava cantoneiras, barras, ferros t e ferros
U numa grande tesoura com o molde do próprio ferro. Também usava
a forja com carvão para aquecer o ferro em brasa, para puder fazer
as peças decorativas das grades e portões.
A determinada altura, preferia mais trabalhar na oficina, do que
fazer os trabalhos de casa. Ainda me lembro, como se fosse hoje,
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12. que no final do primeiro mês de trabalho na oficina, nas férias de
verão, fui surpreendido pelo meu pai com um envelope que continha
duas notas de quinhentos escudos. Fiquei felicíssimo e comecei a dar
mais valor ao dinheiro e importância ao trabalho.
Naquele tempo tudo era manual, havia poucas máquinas, mas
eu não me importava. Eu gostava de experimentar e trabalhar com as
máquinas que existiam. Com 11 anos já cortava ferro, fazia furos,
rebarbava e soldava ferro.
Além de ajudar o meu pai na oficina, trabalhava no campo com
a minha avó e os meus irmãos mais velhos. Nós criávamos alguns
animais para o consumo doméstico, tais como: galinhas, patos,
porcos, coelhos e tínhamos um viveiro com rolas e pássaros.
Tínhamos coelheiras e galinheiros feitas em madeira, onde se
criavam coelhos, galinhas, patos e, onde nasciam novas crias.
Existia, também, uma corte para os porcos passarem a noite e os dias
de Inverno com muita chuva. Nos dias de sol, as galinhas, os patos e
os porcos andavam à solta no quintal. Eram criados em liberdade, o
que fazia com que as carnes fossem mais saudáveis e de melhor
qualidade.
A minha experiência na agricultura e pecuária fez-me nutrir o
gosto pela vida rural. Ainda hoje mantenho a minha horta, onde
cultivo as minhas sementes e verduras, tenho também o meu
galinheiro com galinhas, coelhos, patos e duas cabras.
Fui uma criança que cresceu um pouco à força, mas feliz. Na
minha infância estudei, trabalhei e apesar de todas as adversidades
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13. da vida, conclui o ensino preparatório com distinção, porque era bom
aluno.
Todos os anos, em Fevereiro, alugo um tractor agrícola, para
lavrar e fresar as terras. Actualmente, tudo isto é possível, graças a
uma grande evolução, que tem havido nos equipamentos agrícolas,
nomeadamente nas máquinas e alfaias agrícolas, como, por exemplo,
as fresas a estrutura das fresas é fabricada em aço macio, um
material ferroso e que contem no máximo, 0.3 % de carbono e outros
elementos considerados como impurezas. O aço é fácil de trabalhar,
manualmente ou à máquina, solda-se facilmente e é caracterizado
pela baixa tensão de rotura e elevada ductilidade, trabalhado a frio
aumenta a resistência e reduz a ductilidade, que pode ser recuperada
por recozimento.
As facas da fresa, também, são fabricadas em aço, para
garantir uma maior resistência ao choque e ao desgaste, podem ser
submetidas a tratamentos térmicos, particularmente à têmpera, um
tratamento térmico que confere mais dureza ao aço. O processo
consiste no aquecimento de uma peça a uma elevada temperatura,
designada por temperatura de têmpera. A peça é arrefecida,
rapidamente, em seguida, ao ser mergulhada num fluído como a
água, óleo etc., quando temperado, obtém-se uma peça com
superfície dura e resistente ao desgaste.
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14. Alfaia agrícola (fresa)
A terra é lavrada e fresada, manualmente, com a enxada, são
abertos os regos na terra e semeio batatas, favas, ervilhas, feijão
entre outros produtos. Também, abro os regos com a enxada, planto
couves, tomateiros, pimenteiros, pepinos e cebolo.
À medida que os produtos agrícolas vão crescendo, as
plantações são regadas e tratadas. Removo as ervas daninhas, mexo
a terra e aconchego-a às plantas com uma pequena enxada ou sacho.
No momento certo, costumo deitar os produtos químicos, tais como,
sulfato, venenos para escaravelhos e caracóis, necessários para que
a horta cresça, sem nenhum problema. Tal como, a minha avó dizia: “
fazer os deveres à horta”.
Como sou uma pessoa que se preocupa com o meio ambiente,
esforço-me por preservá-lo. Sempre que utilizo pesticidas, manuseio
as embalagens com precaução e leio com muita atenção os rótulos
dos produtos. Assim sendo, considero que tomo todas as precauções
necessárias.
Na preparação das caldas dos pesticidas, lavo muito bem as
embalagens vazias e guardo-as em local seco, fora do alcance das
crianças. No final de todos os tratamentos feitos às plantações, faço
14
15. a entrega das embalagens vazias, na Cooperativa de Agricultores de
Valongo, onde são organizadas, anualmente, campanhas de recolha
de embalagens vazias de produtos químicos utilizados na agricultura.
Campanha de Recolha de Embalagens Vazias
de Produtos Fitofarmacêuticos
PRÓXIMO PERÍODO DE RECOLHA: 2 DE MAIO A 2 DE
JUNHO DE 2009
Na preparação da calda utilizo a água da lavagem das
embalagens, para não a escoar na terra. Tenho muito cuidado no seu
armazenamento, coloco-a em local seco, arejado e, principalmente,
fora do alcance das crianças e animais. Deste modo, evito a
contaminação dos caudais de água. Também, preocupo-me em não
fazer queimadas, com as ramas das plantações e a poda das árvores.
ADOLESCÊNCIA DOS 13 AOS 18 ANOS
Com 13 anos de idade, feitos recentemente e após sair da
escola, comecei a trabalhar com o meu pai, primeiro na sua oficina e
depois na montagem de portas e janelas nas obras.
A montagem de portas e janelas era um trabalho diferente,
daquele que fazia na oficina. As janelas e as portas chegavam às
obras nos camiões e, eram descarregadas e distribuídas pelos vários
andares dos edifícios. Depois, colocávamos, individualmente,
mástique na ombreira e soleira da janela ou porta, para esmagar com
15
16. o alumínio, de modo a obtermos uma boa vedação. Em seguida,
fazíamos os furos nas ombreiras, com um berbequim de furar pedra e
apertávamos os parafusos. Quando a janela ou porta estava bem fixa,
procedia à sua vedação, com mástique e efectuava os acertos finais.
Na época, estabeleci contactos com outras pessoas, ligadas à
área da serralharia e construção civil, pessoas com vastas
experiências pessoais e profissionais. Estes novos contactos foram
bons para mim, porque aprendi a relacionar-me mais e melhor com as
outras pessoas e, também, a conhecê-las.
O ALCOOLISMO
Entretanto, o meu pai devido a problemas de saúde,
relacionados com o álcool, teve um esgotamento e foi internado no
Hospital Conde Ferreira. Esta doença condicionou, de certa forma,
todo o seu futuro.
Durante muitos anos, convivi, indirectamente, com um caso de
alcoolismo. No início, a família não colocava a hipótese de ser tratar
de alcoolismo. Apenas, achávamos que o meu pai bebia um pouco
demais e justificávamos como causas mais prováveis para o
problema, questões de ordem financeira e emocional.
Com o passar dos anos, após alguns internamentos e às
situações a agravarem-se, começámos a aceitar o facto de o meu pai
ter um problema grave de alcoolismo, uma doença que o começou a
atacar de uma forma lenta, disfarçada e que o levou à destruição.
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17. Não só lhe afectou o corpo, como também a mente, a família e a sua
vida social.
Quando alguém é dependente do álcool, é-lhe muito difícil viver,
sem a sua regular ingestão, porque o organismo fica dependente
desta substância.
O consumo excessivo do álcool acarreta graves consequências
para saúde do doente e da sua família, também é o grande causador
da maioria dos acidentes de trabalho e viação. As consequências
mais comuns na saúde são a cirrose hepática e ascite, conhecida por
barriga de água, entre outras.
Hoje em dia, penso que o alcoolismo é um problema grave que
existe na nossa sociedade não só nos homens, mas entre as
mulheres e, cada vez mais, nos jovens.
As pessoas bebem bebidas alcoólicas, porque estão contentes
ou querem ficar e pensam que agindo desta forma são bem aceites
pela comunidade. A explicação está no facto de o álcool provocar
desinibição.
O alcoolismo é uma dependência que apenas com muitas
campanhas de prevenção e sensibilização, principalmente, junto das
camadas mais jovens da população, é que poderá vir a ser
erradicada.
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18. O QUE APRENDI NA SERRALHARIA LEONEL
BARANDELA
O meu irmão mais velho, o José Carlos, com 19 anos de idade,
abandonou a empresa e levou-a ao encerramento, por não se sentir
preparado para avançar com o negócio do nosso pai.
Dadas as circunstâncias, fui trabalhar para uma empresa de
serralharia no Porto, a Leonel Barandela, Lda. Estive ao serviço da
empresa, aproximadamente, três anos, local onde aprendi a trabalhar
com maquinaria moderna, nomeadamente com a máquina de corte de
disco, semi-automática; a máquina de cravar cantos das esquadrias
das caixilharias; a máquina de fresar e a máquina de fazer curvas em
alumínio lacado ou anodizado. Para além destas, utilizava a máquina
de corte, de disco, semi-automática, em que se colocava o perfil com
seis metros, encostava no batente com a medida a cortar, carregava
num botão e o disco subia, automaticamente, para efectuar o corte.
A máquina de fresar, também ela, semi-automática, em que se
colocava o perfil na posição a fazer os rasgos para fechaduras,
dobradiças, fechos e furos. Então, colocava os batentes de matriz e a
máquina automaticamente efectuava todos os rasgos e entalhes.
Na máquina de cravar cantos das esquadrias das caixilharias,
colocava-se um canto em alumínio maciço, no interior das
esquadrias, que encostava na matriz, carregava no pedal e o canto
era cravado com uns punções que se faziam movimentar, através de
uma bomba hidráulica.
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19. A máquina de fazer curvas em alumínio lacado ou anodizado
funcionava com rolos de nylon, para não arranhar o alumínio, os rolos
eram ajustados em função do perfil e do raio de curva a fazer. Assim,
carregava num pedal que fazia movimentar os rolos, para traz e para
frente, e o perfil deslizava de forma a ganhar a curva.
Toda a maquinaria que utilizei era adequada para a concepção
de caixilharia de alumínio, tais como janelas, portas, marquises bem
como outras peças de serralharia.
As caixilharias que, anos antes, eram feitas de matérias-primas
como a madeira e o ferro, por serem mais baratas, passaram a ser
feitas, cada vez mais, em alumínio, porque garante mais durabilidade,
um melhor isolamento térmico e acústico, sem necessidade de
tratamentos posteriores, como pinturas e envernizamento.
Nos dias de hoje, já existem melhores caixilharias, concebidas
com novos perfis de ruptura térmica e com a possibilidade de opção
por cores diferentes, no interior e exterior.
Foi na empresa Leonel Barandela, Lda., que comecei a
desempenhar, nas obras, algumas funções de responsabilidade, tais
como: recepcionar e conferir materiais, como, por exemplo, caixilhos,
massas de vedação, acessórios e ferramentas que chegavam à obra
com a respectiva guia de transporte e de serviço; tinha de identificar
através dos desenhos de projecto da especialidade o que se ia
aplicar nos caixilhos, se era de abrir, de correr ou fixo, bem como a
posição de abertura das portas e janelas; efectuar contacto com o
encarregado geral da obra, de forma a tomar conhecimento do
19
20. funcionamento da obra e das normas de segurança no local de
trabalho; distribuir as tarefas a efectuar pelos restantes colegas de
trabalho; e dar diariamente conhecimento à empresa do andamento
dos trabalhos.
O voto de confiança dado pelo meu patrão, deveu-se à
experiência que tinha adquirido com o meu pai e irmãos mais velhos.
O meu patrão atribui-me a responsabilidade das montagens das
caixilharias de alumínio nas obras dos edifícios, em vila d’este, em
Vila Nova de Gaia, entre outras.
ENTRADA PARA A EMPRESA BERNARDO COUTO
Na época, como já demonstrava ser muito responsável e com
capacidade para executar qualquer trabalho fui convidado para
trabalhar noutra empresa, a ganhar o dobro do salário. Esta empresa,
a Bernardo Couto Lda., com sede no Monte da Caparica, no Concelho
de Almada, estava ligada ao ramo da construção civil e obras
públicas.
Antes de aceitar a proposta, fui falar com o meu patrão, o Sr.
Leonel e expliquei-lhe as minhas razões, ou seja, que pretendia ir
mais além, ganhar mais dinheiro, mais experiência, mais
conhecimento, conhecer novas pessoas e outros lugares e,
principalmente, aprender a fazer outros trabalhos.
O Sr. Leonel até me ofereceu mais dinheiro, mas as questões
monetárias, como já referi, até nem eram as mais importantes, e
perante tais fundamentos o meu patrão ficou convencido com os
20
21. meus argumentos e com a minha determinação em mudar. Achou que
fui sincero e que era digno desta nova oportunidade, assim sendo,
prescindiu do comprimento do tempo de dois meses a dar à casa,
com o acordo de eu prescindir de ser ressarcido de alguns dos meus
direitos e pagando-me apenas os subsídios de férias e de Natal do
ano a decorrer. Mas, apesar de tudo, deixando-me a porta da sua
empresa sempre aberta, a um possível regresso da minha parte. O
que não se chegou a verificar, mas ainda hoje tenho boa relação com
o Sr. Leonel Barandela.
Na nova empresa Bernardo Couto Lda. trabalhava o meu
cunhado Orlando Nova e, um irmão mais velho, o António João.
Estive na empresa durante ano e meio, e desempenhei várias
funções. Fui soldador na Siderurgia Nacional e na Quimigal, durante
empreitadas de manutenção, chamadas de paragens em sectores
específicos de produção das fábricas.
No caso concreto, da Siderurgia Nacional, em paragens de uma
semana, trabalhávamos 24 sobre 24 horas, de modo a ser feito o
mais rápido possível. Uma vez que parava um forno e toda linha de
lingotes de ferro, para ser feita a manutenção e reparação das
estruturas, carros de transporte e tapetes e carril das pontes rolantes.
Onde com soldadura, fazia o enchimento e correcção, pois derivado
ao calor existia um maior desgaste dos materiais circundantes ao
forno e ao transporte dos ferros em brasa.
Na Quimigal, as empreitadas eram, principalmente, quando por
avaria dos silos, rolos dos tapetes de transporte e enchimentos de
21
22. adubos e outros químicos, tínhamos de trabalhar dias e noites
seguidos, se necessário, para fazer as reparações, de forma a
minimizar os prejuízos da paragem. Este trabalho era um pesado,
mas melhor renumerado.
Nestas empreitadas, só utilizei a soldadura com eléctrodos
revestidos, pois na época, ainda, eram poucas as empresas com
equipamentos para todo o tipo de soldaduras, por serem muito caros
os postos de soldadura. Contudo, ao longo dos últimos anos, fui
adquirindo conhecimentos para a utilização de todos os equipamentos
que executam todos os tipos de soldadura.
Ao serviço desta empresa, aprendi e trabalhei com várias
máquinas pesadas, tais como tractores, retroescavadoras, moto
niveladoras, autobetoneiras e gruas.
Para operar com estas máquinas, assisti a várias acções de
formação no local de trabalho, dadas pelos técnicos da marca e pelo
pessoal da empresa.
As formações tinham como objectivo a boa utilização das
máquinas, ensinavam-nos a conhecer e a respeitar as normas que
garantiam a segurança dos equipamentos, operadores, terceiros e
bens existentes no local.
A utilização das máquinas exigia o respeito das normas de
segurança, previstas para termos em consideração antes da sua
utilização e para isso tinha sempre de consultar o livro de instruções.
Este guia ensinou-me como testar a pressão dos pneumáticos; a fazer
a verificação do bom estado dos engenhos de trabalho; nas
22
23. manobras, a evitar movimentos bruscos e a manter ligadas as luzes
de indicação de máquina em movimento; a usar cinto de segurança;
e, capacete de protecção.
A empresa Bernardo Couto Lda. estava mais vocacionada para
obras públicas, aterros e desaterros. Eram, essencialmente, obras de
duas a quatro semanas. Por exemplo, em certas ruas, era necessário
passar cabos e tubagens para a rede de telecomunicações e eu
costumava operar nessas obras, com várias máquinas diferentes.
Tanto usava o tractor, com um engenho de furar terra para a
colocação de postes; a moto niveladora para a nivelação de terras
nas estradas, ruas e caminhos de passagem de cabos e tubos; como
a retroescavadora para abrir e tapar as valas de passagem dos cabos
e tubagem; usava a auto betoneira, onde se fazia a massa e
transportava para construção e reparação de passeios; bem como
gruas para descarga de materiais pesados e a máquina de alcatrão
betuminoso, onde se colocava o bidão de 200 litros de alcatrão numa
caldeira para aquecer e derreter, que depois com a gravilha, ou seja,
com pequenas pedras se tapava os buraco nas ruas.
ADULTO
Quando fiz 18 anos comecei a tirar a carta de condução.
Como estava a trabalhar no sul do país, vinha ao norte ao fim-
de-semana, apenas uma vez por mês. A minha namorada vivia em
23
24. Ermesinde e comecei a ficar cansado da vida longe de casa e com
saudades da namorada e da família.
Entretanto, faleceu o pai da minha namorada Mónica, hoje
minha mulher, porque já estava doente há algum tempo. Este
acontecimento influenciou e acelerou, de certa forma, o meu regresso
ao norte.
Resolvi voltar às origens e fui trabalhar para a serralharia da
fábrica da igreja de Alfena, durante alguns meses. Enquanto lá estive,
tirei a carta de condução, na escola de condução valonguense, em
quatro meses.
Na época, trabalhava na fábrica da igreja durante o dia e à
noite em casa, num pequeno espaço. Comecei a fazer alguns
serviços de serralharia para pessoas conhecidas e como o meu
trabalho foi reconhecido, comecei a angariar novos clientes e muito
trabalho para fazer.
EMPREENDORISMO I
O reconhecimento do meu trabalho, levou a que no início do
ano de 1992 ficasse em casa e criasse uma empresa em nome
individual, na área de serralharia.
Com o objectivo de iniciar actividade, desloquei-me ao serviço
de finanças de Ermesinde, onde tomei conhecimento dos
procedimentos a ter. Com a ajuda de um contabilista, reuni toda a
documentação necessária e ultrapassei todas burocracias próprias do
nosso sistema fiscal, que naquele tempo eram muito maiores do que
24
25. hoje e, assim, nasceu a serralharia de construção civil de Laurentino
João Cardoso de Barros.
Como no primeiro ano a facturação prevista não era superior a
2000 contos, iniciei a actividade no regime de isenção do
Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA), no entanto, no ano
seguinte passei ao regime de IVA, a ser cobrado ao cliente. Na
época, o imposto era 16%, taxa que tem sofrido vários aumentos, por
parte da administração fiscal, nos últimos anos.
O negócio cresceu em pouco tempo e fui forçado a recrutar o
meu irmão Júlio José para trabalhar comigo. O Júlio tem menos três
anos do que eu e, actualmente, é meu sócio.
Fui adquirindo maquinaria, pois da oficina do meu pai não
restou nada, inclusive as instalações, que foram alugadas, alguns
anos antes, a um indivíduo para uma oficina de automóveis.
O negócio da serralharia cresceu rapidamente e fui ampliando
as instalações, já que terreno não faltava na casa dos meus pais.
Esta fase da minha vida foi muito complicada, porque passei
por muitas dificuldades. Como era jovem tive muitos falsos amigos
que tentaram desviar-me para maus caminhos. Propunham-me
grandes negócios duvidosos e de risco elevado, também, aliciavam-
me para comprar carros, jogar e a frequentar bares nocturnos. Mas
não me deixei influenciar, porque já tinha assistido à queda da
empresa do meu pai, por causa de não ter tido cabeça e ter sido
influenciado pelos falsos amigos. A experiência de vida do meu pai
25
26. serviu-me de exemplo a não seguir e decidi que não queria acabar
como ele.
SERVIÇO MILITAR
O ano de 1992 foi muito importante, pois passei por várias
experiências, umas boas e outras más. Criei e desenvolvi a empresa,
mas no final do ano soube que iria cumprir o serviço militar
obrigatório. Esta situação foi muito estranha para mim, porque nas
listagens afixadas na sede da junta de freguesia, entre tantos jovens
meus colegas de escola e infância, fui o único a ir cumprir serviço
militar. Ainda por cima, tinha de me apresentar no dia 11 de Janeiro
de 1993, no Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS).
Tive pouco mais de duas semanas para me habituar à ideia de
ir cumprir o serviço militar e para resolver o problema do trabalho que
tinha para realizar, que era bastante. O serviço militar não foi mau de
todo, pois aprendi muito. O RALIS era um regimento de formação de
condutores, apliquei-me nas aulas de condução teórico-práticas e de
mecânica, acabei por tirar a carta de condução de pesados e
autocarros, com alguma distinção,
Passada a fase da recruta que durou onze semanas, fui
destacado para cumprir o restante serviço militar no quartel de
Queluz. Neste quartel fiquei, então, destacado para condutor de
serviço de transporte de militares graduados num autocarro de
carreira diária com a volta de Setúbal.
26
27. Como condutor do autocarro tinha a responsabilidade de, ao fim
do dia, levar os militares residentes na margem sul do Tejo, ou seja,
da Costa da Caparica até Setúbal e pernoitava no quartel da Trafaria,
no concelho de Almada. Também, neste local a viatura era
parqueada.
Na manhã do dia seguinte, por volta das seis horas, fazia a
volta no sentido contrário. Realizei esta tarefa até ao final do meu
serviço militar.
Foto de militar.
O meu irmão Júlio José que trabalhava comigo, só tinha 16
anos e, embora, soubesse fazer o trabalho, porque era como eu
aprendia muito bem, havia um problema, não tinha idade para ter
carta de condução e para se deslocar às obras.
Sabia que não podia contar com o meu pai, que tinha a saúde
muito debilitada, para a resolver problemas, nem com os meus irmãos
mais velhos que já tinham os seus empregos e tive que admitir um
funcionário, para conduzir a carrinha com os materiais nas
deslocações para as obras, durante os dias de semana.
27
28. Ao fim-de-semana, não era necessária a colaboração do
funcionário, porque eu regressava ao final da tarde de sexta-feira.
Trabalhava na noite do dia da chegada, no sábado, durante todo o dia
e, às vezes, ao domingo para conseguir fazer as obras.
ORÇAMENTOS
Para além das tarefas de um serralheiro, também, fazia
orçamentos. Após o primeiro contacto com o cliente que me pedia um
orçamento, deslocava-me ao local da obra, para fazer as medições do
trabalho a realizar. Regressava a casa e na oficina fazia um
levantamento dos materiais necessários para a execução do trabalho,
bem como, o tempo da mão-de-obra dispendida na fabricação e
montagem.
Na elaboração do orçamento somava as despesas, como a luz e
o desgaste das máquinas, posteriormente, acrescentava uma margem
de lucro de 30%, o respectivo IVA e chegava ao valor total.
Num livro de orçamentos escrevia, manualmente, a descrição
da obra, assim como o seu valor, colocava as condições de
pagamento e prazos para conclusão dos trabalhos, assinava e
colocava o carimbo.
Por último, o orçamento era entregue em mãos ao cliente que,
às vezes, decidia na hora e outras optava por me contactar
posteriormente. Também, visitava os clientes, preparava e planeava o
serviço a realizar durante a semana.
28
29. Na minha vida privada, também elaboro orçamentos,
nomeadamente o orçamento do meu agregado familiar.
As receitas referem-se, essencialmente, aos vencimentos
salariais, o meu e o da minha mulher.
As despesas são divididas em dois tipos, as despesas fixas e
as despesas variáveis.
As fixas são aquelas que ocorrem todos os meses, e por isso,
são previstas com antecedência. Por exemplo: a ama da nossa filha,
a alimentação, a água, a luz, o gás, as comunicações (telefones e TV
por cabo), gastos com combustível, manutenção e limpeza jardins.
29
30. Orçamento Familiar
RECEITAS
As Vencimentos
variáveis serão aquelas que não ocorrem todos os meses, e
Laurentino Barros 1.260 €
Mónica Martins 656 €
Abonos
Andreia Barros 31 €
Total rendimentos 1.957 €
DESPESAS
Despesas
fixas
Alimentação, Supermercado,
Talho, Peixe 400 €
Produtos Higiene e Limpeza 100 €
Ama – Andreia 80 €
Água 40 €
Gás 20 €
Electricidade 70 €
Comida do Cão 60 €
Seguros 27 €
Telefones + TV Cabo +
Internet 80 €
Jardim Manutenção e
Limpeza 80 €
Quotizações a Associações 17 €
Combustível 65 €
Despesas
variáveis
Compra de Roupa 120 €
Ida ao Cinema, Teatro e
Exposições 70 €
Assistir a Jogos de
Futebol 80 €
Compra de CDs, DVDs,
Livros e Revistas 60 €
Manutenção Automóvel 70 €
Idas ao Cabeleireiro 35 €
Saúde Consultas e
Tratamentos 90 €
Restaurantes 14030€
Total das Despesas 1.704 €
POUPANÇAS
31. Como a minha família é constituída por três elementos e com
diferentes necessidades individuais, as despesas têm de ser
planeadas em conjunto. Tendo em conta o nosso orçamento familiar,
frequentemente, em reuniões de família projectamos, discutimos e
decidimos conforme as medidas a tomar.
Temos em sempre em consideração, as várias possibilidades de
novos investimentos, mas consideramos em primeiro lugar as
despesas prioritárias, tais como, a educação, a formação, o bem-
estar e a saúde da família. Deixando, assim para segundo plano, os
desejos e as outras necessidades supérfluas de cada membro da
família.
Com a colaboração de todos os membros da família, chegamos
a um consenso, em relação às nossas necessidades e alcançamos,
da melhor forma possível, os nossos objectivos do orçamento, sem
nos esquecermos da nossa estabilidade financeira.
Alcançados os nossos objectivos do orçamento e após análise,
fazendo algum esforço financeiro e reduções em algumas despesas
pontuais, poderíamos subscrever um PPR- plano de poupança
reforma.
Assim, dependendo da instituição e do produto que se quer
pode-se subscrever um PPR com apenas 150€, reforçando a
poupança com entregas periódicas mínimas mensais de 50€. As taxas
de juros garantidas resultantes deste tipo de poupança, podem rondar
os 2.5% e os 3%, conseguindo-se assim, cada vez mais, um
31
32. importante complemento á reforma, a fim de se evitar depender ou
usufruir dos rendimentos dos filhos no futuro.
No caso concreto da minha família, não subscrevemos nenhum
tipo de PPR porque estamos a fazer outras poupanças, no sentido de
fazer obras de ampliação da nossa casa, em virtude do projecto
actual, que é a de ter mais um filho, mas é uma possibilidade no
futuro.
Actualmente, os únicos produtos que temos numa instituição
bancária pertencem à nossa filha, uma conta a prazo, poupança caixa
projecto. O capital só pode ser levantado quando a nossa filha tiver
18 anos. Nesta poupança, colocamos o abono a crianças e jovens,
bem como as ofertas por parte dos familiares e amigos que são feitas
à Andreia, no seu aniversário e épocas festivas. Estas aplicações irão
proporcionar um melhor futuro à nossa filha.
CASAMENTO
Dois anos mais tarde, como já namorava há algum tempo,
resolvi casar e como “quem casa quer casa”, eu não fui excepção,
então como a casa dos meus pais era muito grande, apesar de ser
antiga e precisar de obras, durante o ano de 1995 decidi fazer-lhe
uma grande reforma, reconstruí-a e ampliei-a de forma a ficar uma
casa para os meus pais e outra para mim.
A casa que ficou para mim e onde, actualmente, vivo tem uma
particularidade, o facto de a minha sala de estar ter sido o quarto dos
meus pais, portanto, o local onde nasci.
32
33. No mês de Março de 1996, comecei a tratar do casamento,
falei com o padre de Alfena para pedir a transferência para
Ermesinde, terra da noiva.
A Mónica queria casar em Ermesinde, logo, acertei com o
padre a data da cerimónia para o dia 27 de Julho de 1996. Tratei das
certidões necessárias na Conservatória do Registo Civil e de arranjar
um local para a festa.
Como o casamento era no Verão, tive de tratar com
antecedência do local do copo de água, porque havia muita procura.
No entanto, conhecia o restaurante rural O Beco, em S. Romão do
Coronado que me facilitou na escolha.
Na época, os valores por pessoa rondavam os 5.000 escudos,
mas como era muita gente, consegui, facilmente, chegar a acordo
com o Sr. Arménio para a organização do copo de água, por 4.500
escudos, com tudo incluído.
A ementa do evento incluía as entradas, três pratos, canja ou
sopa, bebidas, bolo de noiva e todos os outros doces. Para além de
comes e bebes, a festa teria muita música.
33
34. A minha casa
A reforma da casa terminou e eu casei no ano seguinte, no dia
27 de Julho de 1996.
O meu casamento
O meu casamento foi como mandava a tradição, um casamento
na igreja com a noiva vestida de branco e o noivo trajado a rigor,
muitos convidados e uma grande festa que contou com muita música
e dança.
No dia do casamento partimos em lua-de-mel, para uma viagem
de oito dias pelo sul do país, para conhecermos o Alentejo e Algarve,
regiões que só conhecia através do livro As Mais belas Vilas e
Aldeias de Portugal. Estas regiões têm climas mais quentes e secos,
menos vento, paisagens mais planas, praias mais limpas, com águas
mais quentes e pessoas muito simpáticas.
Na viagem aproveitei para conhecer o património histórico,
nomeadamente monumentos e zonas históricas, que é uma das
34
35. maiores riquezas de Portugal, embora, mal conservado. No meu
entender, o património arquitectónico português deveria ser
restaurado e preservado.
SERRALHARIA BARROS Lda .
Decorria o ano 1996 e resolvi passar a empresa de nome
individual para uma sociedade limitada: Serralharia Barros Lda.
Uma sociedade é uma união de duas ou mais entidades ou
pessoas com um objectivo traçado, a fim de alcançar o sucesso numa
determinada acção ou segmento de mercado.
Actualmente, a sua gerência é composta por partes iguais, uma
minha e outra do meu irmão Júlio José, porque trabalha comigo,
praticamente, desde o início.
Nos tempos que se seguiram, fui modernizando a empresa
acompanhando a evolução das novas tecnologias e adquiri máquinas
modernas, tais como, máquinas semi-automáticas de corte, de fresar,
prensar, soldar, corte e quinagem de chapa, para melhorar e
aumentar a produção de caixilharias e estruturas metálicas.
Adquiri, também, equipamentos informáticos tais como,
fotocopiadora, fax, impressora, telemóveis e um computador com
software de facturação.
Equipamentos e software que após uma pequena acção de
formação, dada pelo técnico de informática, alguma paciência e
vontade de aprender, comecei a utilizar rapidamente e sem
dificuldade como por exemplo o programa Comercial 97, um
35
36. programa de facturação, orçamentos, guias de remessa e transporte e
gestão de stocks.
Hoje, posso dizer que trabalho bem com vários programas
informáticos (software). Utilizo, diariamente, na empresa: o Microsoft
Office 2007, o Windows Mail, o Autocad2009, o Internet Explorer e
um programa de Ponto, gestão e controle de produção da Dimep.
Foi também no ano de 1996, comprei o meu primeiro telemóvel,
na TELECEL, uma grande máquina, pois era um Alcatel S400, um
modelo razoável, se tiver em consideração a relação custo/qualidade.
No meu trabalho, a comunicação com clientes e fornecedores é
essencial. O telemóvel veio permitir que estivesse sempre
contactável, em qualquer lugar, e poupar algumas deslocações, tanto
minhas como dos meus clientes, para a troca de informações
relacionadas com as obras.
Na minha vida, o telemóvel tornou-se um objecto bastante útil,
porque me permite comunicar com um grande número de pessoas e
entidades no contexto privado e profissional.
De início, os telemóveis eram grandes e serviam apenas para
fazer e receber chamadas, mas rapidamente evoluíram, diminuíram o
tamanho e passaram a incorporar máquina fotográfica, leitor e
gravador de vídeos, bluetooth, internet e até a possibilitar a
realização de vídeo-chamadas.
O telemóvel transmite e recebe ondas de rádio ou radiações
electromagnéticas numa determinada frequência. O seu
36
37. funcionamento baseia-se na transmissão de sons, imagem e
mensagens escritas.
Lembro-me de, quando era criança, só haver telefones fixos em
algumas casas e nas estações de correios. Na minha casa existia
telefone porque o meu pai tinha uma oficina e precisava para
comunicar com os fornecedores e clientes. No entanto, o que era um
bem raro tornou-se vulgar devido à grande evolução no sector das
telecomunicações.
Hoje, graças ao aparecimento das novas tecnologias em
especial do telemóvel e do computador com ligação à Internet, posso
gerir de uma maneira mais eficaz e confortável, a minha vida pessoal
e profissional.
Utilizo as novas tecnologias para consultar as contas bancárias;
fazer pagamentos; dar ordens de transferência de dinheiro; requisitar
cheques; consultar facturas, gastos de telemóvel e Internet; ver o
tempo para o dia seguinte; saber quais as farmácias de serviço; ter
acesso às notícias 24 horas por dia; saber quais os filmes e horários
do cinema e teatro; a programação dos canais da televisão; ofertas
comerciais; entre outras coisas.
O meu actual telemóvel é um Qtek S200, no ano de 2008 teve
uma avaria, o altifalante deixou de funcionar, como é óbvio deixei de
poder ouvir quem falava do outro lado. Peguei no livro de instruções e
li-o à procura de respostas, pensei que poderia ser um problema de
definições do equipamento, mas não encontrei a solução e decidi
então recorrer à assistência técnica para resolver o problema.
37
38. Fui, então, à loja de assistência técnica da Optimus, que era a
operadora que me prestava o serviço de telecomunicações móveis, há
mais de seis anos e situada no Freixieiro, em Matosinhos.
No balcão de atendimento falei com o funcionário que lá se
encontrava e expliquei-lhe o que se passava com o telemóvel e,
disse-lhe que o equipamento estava, ainda, coberto pela garantia,
mostrei-lhe a factura como prova da compra, uma vez que tinha sido
comprado há menos de um ano e a garantia do fabricante era de dois
anos, logo, o telemóvel iria ser reparado gratuitamente.
Pensei que seria uma avaria fácil de resolver, mas não foi e tive
de lá deixar o telemóvel. O tempo previsto, pela marca do
equipamento, para o conserto era de, mais ao menos, 25 dias úteis.
Fiquei muito aborrecido porque o Qtek S200 é um equipamento topo
de gama e caro, que não deveria avariar tão facilmente.
Como eu não podia ficar tanto tempo privado de uma das
minhas mais importantes ferramentas de trabalho, o telemóvel,
comecei a pensar em comprar outro, mas não foi necessário, porque
o funcionário alertou-me para a possibilidade do empréstimo de um
equipamento de substituição. Achei uma boa medida, porque facilita
bastante a vida aos clientes, ao evitar deste modo mais despesas.
Mobile phones have other features beyond sending text
messages and making voice calls, including Internet browsing, music
playback, memo recording, personal organizer functions, e-mail,
38
39. instant messaging, built-in cameras and camcorders, ringtones,
games, radio, infrared and Bluetooth connectivity, call registers,
ability to watch streaming video or download videos for later viewing,
video calling and serving as a wireless modem for a PC.
Qtek S200 Specifications
Size: 108 x 59 x 18 mm
Weight: 150 g
Screen: 240 x 320 px
Networks: 850 / 900 / 1800 / 1900
Camera
MP3 Player
Memory Card: SD
Java Support
Date Added: April 26th, 2006
39
40. AS DESVANTAGENS DOS TELEMÓVEIS
Considero que os telemóveis, também, têm aspectos negativos,
perde-se um pouco o contacto com as pessoas, a proximidade física,
perde-se, principalmente, a língua portuguesa, pois vamos adquirindo
hábitos de escrita, pouco recomendáveis, com mensagens abreviadas
e através de sinais, muitas vezes, difíceis de entender.
A MINHA FILHA
O ano de 1999 marcou-me muito, porque no dia 20 Maio de
1999, nasceu a minha filha, a Andreia Filipa, talvez a coisa mais linda
e importante da minha vida, que veio atenuar a dor provocada pela
perda do meu pai, que tinha falecido, subitamente, no mês de
Fevereiro do mesmo ano.
Durante a gravidez da Mónica, a minha mulher, não foi possível
sabermos o sexo do bebé, só aquando do nascimento é que soube
que era uma menina e fiquei muito feliz. A minha filha é a menina dos
meus olhos.
Andreia Filipa (filha)
40
41. A morte do meu pai, foi o resultado da sua falta de zelo pela
saúde, actualmente, sensibilizado por esse passado, tenho outra
forma de encarar o tema saúde, não só a minha mas também da
minha família.
A minha filha, desde o seu nascimento tem sido acompanhada
por um pediatra, tem consultas de rotina, acompanhamento do
crescimento e cumpre o plano de vacinação.
As vacinas são muito importantes, ajudam a prevenir muitas
doenças.
EMPREENDORISMO II
Em 2002, como sou uma pessoa empreendedora, comecei a
desenvolver um projecto que tinha de construir caravanas, a partir de
um semi-reboque, nomeadamente, caravanas de grande dimensão. A
ideia foi inspirada em construções feitas em Espanha.
Estabeleci alguns contactos e, após algumas deslocações à
fábrica de caravanas Rioja, localizada na cidade com o mesmo nome,
no norte de Espanha, consegui obter alguns conhecimentos básicos
sobre o processo de construção das caravanas.
Numa primeira fase, direccionei o negócio para clientes do ramo
circense e mais tarde para feirantes, proprietários de divertimentos
em romarias e festas.
Ao longo do tempo, fui modernizando os métodos de concepção
das construções, actualizando materiais e matérias-primas, bem como
automatizando os sistemas de abertura das caravanas, com sistemas
41
42. electromecânicos e hidráulicos e os acabamentos interiores com
decorações adequadas às necessidades de cada cliente.
A construção das caravanas inclui um vasto leque de profissões
como a serralharia, carpintaria, marcenaria, electricidade, pichelaria,
ladrilhador, designer e pintura auto.
Para construirmos uma caravana começamos por fazer o
projecto, ou seja, o desenho das estruturas, especialidades e dos
acabamentos; calculam-se os materiais necessários, em função das
medidas e pesos de forma a garantir a estabilidade da caravana; e
inicia-se a fabricação do esqueleto da estrutura com vigamentos e
perfis tubulares de ferro.
Estrutura da caravana.
Na estrutura de uma caravana é, previamente, deixado o
espaço das janelas e portas, assim como as divisórias interiores.
Quando a estrutura de ferro está completa, é feito o tratamento
de pintura anti-corrosiva com primário TRIEPOZINC, um primário
epoxi de dois componentes formulado à base de resinas epoxi e pó
de zinco, endurecido com resinas de amimas, com as seguintes
42
43. características: tempo de secagem ao tacto, 30 minutos; em
profundidade, 1 hora; espessura mínima recomendado 50μm
espessura seca; rendimento teórico 1 litro/ 10m2; tempo de vida da
mistura (23,0 ± 0,5ºC) Cerca de 8 horas; relação da mistura, 3 de
base para 1 de aducto; diluição com diluente TRIDIL EPOXI, cor da
base cinzento, brilho mate, densidade a (23,0 ± 0,5ºC) - 2,74 g/cm3,
teor em sólidos 60%, ponto de inflamação> 23ºC.
Depois de tratada a estrutura, procedemos ao isolamento
exterior, em todo o perímetro da caravana, com painéis de madeira
com pele de fibra e poliéster. Após a colocação dos painéis exteriores
são feitos os remates com perfis de alumínio em volta de todas as
aberturas e extremidades da estrutura, são colocadas as caixilharias,
estores eléctricos e, de seguida, avançamos para a preparação e
pintura final do exterior.
Preparação pintura exterior.
Entretanto, iniciamos os trabalhos no interior. As tubagens da
água fria, água quente, esgotos e todas as cablagens eléctricas são
colocadas no interior das paredes, em locais predefinidos,
43
44. Pormenor tubagens e
cablagens.
Em seguida, é projectado nas paredes e tecto uma camada de
poliuretano, um material plástico celular fabricado com matérias-
primas de alta qualidade.
O poliuretano é uma mistura de duas substâncias, que se
encontram no estado líquido (Poliol + Isocianeto) e que é projectado
nas superfícies a isolar através de uma máquina especial.
A reacção química que se dá é rápida e exotérmica. O calor
libertado na reacção, origina a vaporização dos agentes espumantes,
o que faz com que na mistura líquida se originem micro bolhas de
gás, resultando um aumento do volume na ordem de 25/35 vezes o
volume inicial. Em poucos segundos, adquire o aspecto de uma
estrutura plástica tridimensional com um poder isolante superior a
qualquer outro material.
A expansão da espuma deve-se à acção de HFC e CO 2 ,
decorrente da reacção química da água com o isocianato, de tal
forma que a proporção de gases dentro da célula na espuma, ainda
não envelhecida, é HFC = 35 - 50%CO2 = 65 - 50%.
44
45. Depois de retirado o excesso da expansão começa o
acabamento interior, primeiro com umas placas de pré forro e depois
com o acabamento final, normalmente na cozinha e casa de banho, é
colocado nas paredes e piso cerâmica e nas restantes divisões no
piso de cerâmica e nas paredes e tectos é utilizado placas de mdf
lacados, colocam-se as portas interiores e os aparelhos de ar
condicionado.
Interior da caravana sala
Os acabamentos interiores variam conforme o cliente e a ajuda
do nosso designer, que tem um papel importante nos acabamentos,
na conjugação dos materiais de decoração, iluminação e mobiliário.
Quarto crianças
A construção da caravana fica concluída com a aplicação dos
electrodomésticos e louças da casa de banho.
45
46. I decided to identify some symbols that we should take care to
not ruin our clothes when we wash them.
Caravana com
electrodomésticos
46
47. Caravana casa banho
Na construção das caravanas, tenho sempre em conta a
utilização de materiais que sejam o menos inflamável possível e os
que garantam a maior estabilidade e durabilidade da caravana, a fim
de evitar a necessidade de fazer muitas assistências.
A construção da caravana é acompanhada desde o seu início,
por um engenheiro mecânico que fiscaliza e garante o comprimento
das medidas e das normas de segurança da construção, para ser
inspeccionada na delegação do IMTT do Porto, para homologação
como reboque vivenda especial feira ou circo.
Temos uma equipa preparada para se deslocar até ao cliente
em qualquer hora e lugar e actuar de acordo com as necessidades em
caso de avaria, defeito de materiais ou fabrico.
É também norma da minha empresa, na assinatura dos
contratos da construção da caravana, celebrar e assinar com o cliente
um termo de responsabilidade e de garantias para o caso de avarias
por defeito dos materiais e fabrico, com uma cláusula de ficar retido
pelo cliente uma verba de 5% do valor total da construção num
período de 12 meses após a entrega da caravana ao cliente, valor
esse que não poderá ultrapassar os 5.000€ e será pago findos os
47
48. doze meses de garantia ou em data anterior caso se verificar mau
uso do equipamento por parte do cliente.
Foto: caravana pronta.
ASSOCIAÇÕES
Decorria o ano de 2002, recebi um convite de um amigo, o
José Maria, para fazer parte e ajudar a treinar uma equipa de futebol
de juniores, no clube desportivo de S. P. Fins, na cidade da Maia.
Como fizemos um bom trabalho, na época seguinte, fomos
convidados para treinar outra equipa de juniores, mas de um clube
com outra dimensão e melhores condições. Esse clube foi o clube
desportivo de Águas Santas, também na cidade da Maia, onde
acumulava as funções de treinador adjunto com o cargo de director
do futebol júnior.
48
49. Cartão de Director
Como as pessoas para ajudar as colectividades desportivas são
poucas, ajudava sempre que possível. Ao domingo de manhã, sempre
que nos deslocávamos aos campos de futebol dos clubes adversários,
era eu quem conduzia o autocarro que transportava a nossa equipa.
No ano seguinte, houve eleições no clube, que foram
disputadas entre duas listas.
A assembleia-geral de associados foi marcada com o objectivo
de eleger os órgãos da direcção e os membros da assembleia e
realizou-se no salão nobre, dos Bombeiros Voluntários de Nogueira
da Maia.
Estas eleições tiveram uma grande adesão de associados e
foram realizadas através do método da mão no ar. O presidente da
mesa da assembleia apresentou as listas A e B, e perguntou aos
associados quem votava em cada uma das listas. Também, perguntou
quem se abstinha. Seguidamente, foi feita a contagem dos votos e
venceu a lista B com um maior número de votos e, que representava
o grupo desportivo de Águas Santas.
49
50. O presidente eleito foi o Sr. José Augusto Aguiar, opção que
não me agradou, porque tinha algumas ideias novas, das quais eu
discordava e, então, resolvi sair.
” Em Portugal, a partir do 25 de Abril de 1974,
cada cidadão pode ter acesso a um conjunto de associações a que se
pode livremente associar. As associações mais comuns, no nosso
país, são as associações de caça, pesca, dança, folclore, desporto,
os grupos recreativos e culturais, etc.
Nos últimos anos, as associações têm sofrido uma redução no
número de associados. São vários os factores que podem servir de
justificação para o facto, nomeadamente a dificuldade em pagar as
cotas, a falta de tempo livre e a rigidez dos órgãos dirigentes que
muitas vezes provocam o abandono dos associados.
TRABALHO VOLUNTÁRIO
O trabalho voluntário para além de ser uma necessidade para
muitas pessoas, para outras é uma busca de alternativas para mudar
algo que não está bem, para transformar a realidade em que vive o
voluntário ou o seu semelhante.
No trabalho voluntário, a acção parte da vontade de cada um de
realizar algo em benefício de terceiros.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU):
50
51. “ Voluntário é toda pessoa que, devido ao seu interesse
pessoal dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a
diversas formas de actividades, organizadas ou não, de bem-estar
social ou em outros campos ”.
A prática do trabalho voluntário tem aumentado, mas não o
suficiente. Há muito por fazer, porque as desigualdades sociais são
grandes, principalmente no que se refere ao desemprego, violência e
falta de assistência.
O Estado, por vezes, não consegue dar respostas com
qualidade à população que dele necessita, e, também, é nossa a
responsabilidade procurar alternativas para que surjam as mudanças.
Qualquer um pode desenvolver uma actividade que possa
contribuir para uma melhor qualidade vida de terceiros. Todos nós
podemos contribuir para uma melhor e mais justa sociedade. Os
cidadãos têm o direito de, livremente e sem dependência de qualquer
autorização, constituir associações, desde que estas não se destinem
a promover a violência e os respectivos fins não sejam contrários à
lei penal.” - Constituição da República Portuguesa, Art. 46.º, Nº1.
EU , TREINADOR DE FUTEBOL
Acabado de sair do grupo desportivo de Águas Santas comecei
uma nova aventura, fui com o meu amigo José Maria treinar um clube
de futebol amador, de seniores, o Reguenga futebol Clube, que
estava a disputar o campeonato Inter Municipal e Municipal da
Câmara Municipal de Santo Tirso.
51
52. No Reguenga Futebol Clube comecei como treinador adjunto,
mas acabei por ser treinador e jogador, pois tinha muito jeito para o
futebol, visto que toda a minha vida joguei à bola com amigos e em
pequenos torneios organizados por clubes, principalmente, na época
de Verão.
Os jogos eram disputados ao sábado à noite ou ao domingo de
manhã. No Reguenga futebol Clube joguei regularmente até ao
fatídico dia 19 de Março de 2005, num jogo realizado fora, contra o
Lamelas Futebol Clube. Aos 15 minutos de jogo, quando sofri uma
grave lesão no ombro direito, uma luxação da clavícula, com rotura
do ligamento.
O massagista do clube fez os primeiros tratamentos e após
verificar a gravidade da lesão, fui levado às urgências do hospital de
São João, no Porto. Neste hospital, fui observado no serviço de
ortopedia, onde me fizeram uma radiografia e a imobilização do
braço. Como tinha seguro de acidentes pessoal, fui encaminhado
para a companhia de seguros.
No dia seguinte, apresentei-me no Instituto de Saúde do
Marquês, clínica da companhia de seguros Vitória. Após a consulta
com o médico de ortopedia da companhia, fiquei com o braço
imobilizado durante cinco semanas. Após esse período, o médico
constatou que seria necessário efectuar uma intervenção cirúrgica,
porque a clavícula estava deslocada.
Fui operado no hospital de Santa Maria, no Porto, pelo doutor
Rui Matos, que me colocou ferros no ombro para fixação da clavícula.
52
53. Passado um mês, os ferros foram retirados, pela mesma equipa
médica que realizou a cirurgia e na mesma sala de operações.
Quando estava a iniciar a fase de recuperação com auxílio da
fisioterapia, devido aos exercícios que executava, formaram-se na
cicatriz alguns quistos, o que me levou novamente à sala de
operações, para serem retirados. A recuperação prologou-se por mais
de nove meses, todos eles muito difíceis.
Após muito sofrimento consegui recuperar, mas nunca mais
voltei a jogar futebol, a vida continuou e dediquei-me apenas ao
trabalho.
LAZER
O único desporto que passei a praticar, passou a ser apenas em
períodos de lazer, uma vez que abandonei a competição. Comecei a
fazer caminhadas, aos domingos na parte da tarde ou à noite nos
meses de verão, no parque da cidade, no Porto, e à beira mar. Por
vezes, aos domingos de manhã, faço passeios de bicicleta com a
família ou amigos.
As actividades físicas de lazer são muito boas, porque ajudam a
aliviar o stress, exercita o corpo e a mente, e ajudam a prevenir
algumas doenças.
53
54. As actividades ao ar livre são extremamente importantes para
melhorar a minha qualidade de vida, reconheço que me dão frescura
física e mental para ultrapassar as dificuldades que surgem no dia-a-
dia, dão-me uma maior capacidade de reacção em determinadas
situações que vão acontecendo inesperadamente, tanto na vida
privada como na vida profissional, principalmente em situações no
trânsito, como no caso das filas que se apresentam hoje e que temos
de ser pacientes. Existem muitas outras situações no trânsito que,
devido à falta de civismo dos condutores, devemos manter a calma e
não responder às provocações que, por vezes, acontecem.
ALARGAMENTO DAS INSTALAÇÕES DA MINHA EMPRESA
A partir de meados do ano de 2006, alarguei as instalações
fabris da minha empresa, com a aquisição de um armazém na zona
industrial de Baguim do Monte, com uma área coberta de cerca de
1000 metros, para o fabrico de auto caravanas, reboques bilheteira,
dormitórios e reboques bar.
Nestas novas instalações, criei melhores condições de trabalho
e de segurança para os meus funcionários. O espaço era maior e
separei e armazenei os vários materiais perigosos e inflamáveis, em
espaços próprios. Também coloquei em todos os locais necessários
as sinaléticas que nos informam dos vários perigos existentes.
Na minha empresa, ao longo dos últimos anos, sempre tive
como prioridade a preocupação com a segurança e bem-estar dos
meus funcionários. Distribuo e coloco à sua disposição equipamentos
54
55. individuais e colectivos de segurança, como sapatos de sola e
biqueira de aço, protecções para os olhos e ouvidos, luvas, entre
outros equipamentos.
DIREITOS E DEVERES DOS TRABALHADORES
Na minha empresa existe uma preocupação frequente com a
consciencialização dos direitos e deveres de todos. Todos os meus
trabalhadores têm direito a segurança, higiene e saúde no trabalho;
períodos mínimos de descanso; férias remuneradas; igualdade de
tratamento; não serem discriminados; e, o direito à greve.
Os meus funcionários têm a preocupação de respeitar e tratar
com lealdade a entidade patronal. Não fazer negociações por conta
própria e em concorrência com a entidade patronal, não divulgam
informações relacionadas com a organização, métodos de produção e
negócios da empresa.
Penso que existem algumas regras fundamentais para o bom
funcionamento de uma empresa, nomeadamente a lealdade, o
respeito entre colegas e superiores, pontualidade, assiduidade, zelo,
responsabilidade, obediência e cumprimento de todas as obrigações e
normas previstas nos contratos de trabalho.
Em Portugal, ainda há muito por fazer em relação aos direitos e
deveres dos trabalhadores. As mentalidades de alguns patrões têm de
mudar, porque ainda existem muitas situações de trabalho precário.
Alguns trabalhadores oriundos dos países de Leste e de África
55
56. exercerem actividades laborais sem condições de segurança e sem
qualquer tipo de direito.
No entanto, a classe trabalhadora nem sempre cumpre com os
seus principais deveres. Sem querer generalizar, é óbvio que existem
trabalhadores que só pensam na hora de saída e no fim do mês.
Como se costuma dizer e é típico dos portugueses “Todos querem
arranjar um emprego, e não um trabalho.”
Na Constituição da República Portuguesa, estão mencionados
os direitos fundamentais dos cidadãos portugueses, dos quais
destaco o Direito ao Trabalho (Artigo 58º) e os Direitos dos
Trabalhadores (Artigo 59º), que passo a identificar.
Artigo 58º
1. Todos têm direito ao trabalho.
2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado
promover:
a) A execução de políticas de pleno emprego;
b) A igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou
género de trabalho e condições para que não seja vedado ou
limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho
ou categorias profissionais;
c) A formação cultural e técnica e a valorização profissional dos
trabalhadores.
Artigo 59º
56
57. 1. Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça,
cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou
ideológicas, têm direito:
a) À retribuição do trabalho, segundo a quantidade, natureza e
qualidade, observando-se o princípio de que para trabalho igual
salário igual, de forma a garantir uma existência condigna;
b) A organização do trabalho em condições socialmente
dignificantes, de forma a facultar a realização pessoal e a permitir a
conciliação da actividade profissional com a vida familiar;
c) A prestação do trabalho em condições de higiene, segurança
e saúde;
d) Ao repouso e aos lazeres, a um limite máximo da jornada de
trabalho, ao descanso semanal e a férias periódicas pagas;
e) À assistência material, quando involuntariamente se
encontrem em situação de desemprego;
f) A assistência e justa reparação, quando vítimas de acidente
de trabalho ou de doença profissional.
2. Incumbe ao Estado assegurar as condições de trabalho,
retribuição e repouso a que os trabalhadores têm direito,
nomeadamente:
a) O estabelecimento e a actualização do salário mínimo
nacional, tendo em conta, entre outros factores, as necessidades dos
trabalhadores, o aumento do custo de vida, o nível de
desenvolvimento das forças produtivas, as exigências da estabilidade
económica e financeira e a acumulação para o desenvolvimento;
57
58. b) A fixação, a nível nacional, dos limites da duração do
trabalho;
c) A especial protecção do trabalho das mulheres durante a
gravidez e após o parto, bem como do trabalho dos menores, dos
diminuídos e dos que desempenhem actividades particularmente
violentas ou em condições insalubres, tóxicas ou perigosas;
d) O desenvolvimento sistemático de uma rede de centros de
repouso e de férias, em cooperação com organizações sociais;
e) A protecção das condições de trabalho e a garantia dos
benefícios sociais dos trabalhadores emigrantes;
f) A protecção das condições de trabalho dos trabalhadores
estudantes.
3. Os salários gozam de garantias especiais, nos termos da lei.
É do conhecimento público que, em Portugal, a precariedade no
trabalho tem vindo a aumentar nos últimos anos, cerca de um quinto
da população activa, embora existam muitas outras situações que não
são contabilizadas por se enquadrarem no trabalho ilegal ou
clandestino.
Muitos trabalhadores não têm férias pagas nem outros
subsídios e não podem reclamar porque estão a arriscar-se a ficarem
sem trabalho.
De acordo com informação do Jornal Correio da Manhã, de Abril
de 2008, em Portugal existiam pelo menos meio milhão de pessoas
que passavam falsos recibos verdes. Estes trabalhadores estão
ligados às empresas de forma permanente, apesar de estarem
58
59. colectados como trabalhadores independentes, pois têm horário de
trabalho, funções definidas, e obedecem a uma hierarquia. Todos
este requisitos que, se a lei fosse cumprida, fariam deles
trabalhadores por conta de outrem.
O combate à precariedade tem sido reivindicado pelas centrais
sindicais.
A precariedade laboral afecta sobretudo os jovens, com maior
incidência na administração pública e nos serviços, na região do
Algarve.
Cerca de metade dos jovens até aos 25 anos têm contrato não
permanente e as raparigas são as mais afectadas.
As situações de trabalho precário incluem os trabalhadores com
contrato a termo certo, o trabalho temporário, os recibos verdes e o
trabalho não declarado.
Este tipo de trabalho, em que o trabalhador não tem qualquer
tipo de garantias ou de protecção e em que o patrão e trabalhador
não cumprem as suas obrigações fiscais, nem descontam para
segurança social, predomina na construção civil e restauração, mas
sobretudo nas pequenas empresas.
O SALÁRIO
O facto de ser patrão fez com que aprendesse qual a
constituição do salário dos meus empregados e de todos
trabalhadores por conta de outrem.
59
60. As parcelas que constituem o salário de um trabalhador por
conta de outrem são: o salário, contribuições para a segurança social
e para o IRS, o subsídio de refeição, ajudas de custos, subsídio de
férias, entre outros subsídios.
O Salário é o rendimento que os trabalhadores recebem em
troca do trabalho que despendem no processo produtivo. O salário é
o preço pago aos trabalhadores em troca de determinada quantidade
de trabalho. Sendo um preço, o salário é estabelecido, tal como
qualquer outro preço, no mercado através do encontro entre quem
oferece trabalho e quem o procura.
O IRS (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares) é
um imposto directo que incide sobre os rendimentos dos particulares
nomeadamente os rendimentos do trabalho (salários e outros) e os
rendimentos de capital (juros, rendas, mais-valias, dividendos, etc.).
O Subsídio de refeição, também conhecido como subsídio de
alimentação, destina-se a compensar os trabalhadores das despesas
com a refeição principal do dia em que prestam serviço efectivo
durante, pelo menos, 5 horas e não tem natureza retributiva.
As Ajudas de custo são um abono que é aplicável quando uma
pessoa se ausenta para fora do seu local de trabalho, dentro ou fora
de Portugal. A distância tem que ser superior a 5 km do local onde
exerce funções, no caso das deslocações diárias (as que se realizam
num período de 24 horas), ou superior a 20 km, no caso das
deslocações por dias sucessivos (realizam-se por períodos superiores
a 24 horas).
60
61. É um valor que se recebe a mais por cada dia que se está fora
do local normal de trabalho para se fazer face às despesas
acrescidas que tem por estar deslocado (alimentação e alojamento).
No que diz respeito ao Subsídio de férias, os trabalhadores
têm direito a um período de férias remunerado em cada ano civil e
estas referem-se ao trabalho prestado no ano anterior.
O direito a férias adquire-se no momento da celebração do
contrato e vence-se no dia 1 de Janeiro de cada ano civil.
Excepcionalmente, se no ano de admissão, o início do trabalho se
verificar no 1º semestre, após um período de 60 dias de trabalho
efectivo, o trabalhador tem direito a 8 dias úteis de férias. Se o início
do trabalho se verificar no 2º semestre, após 6 meses completos de
trabalho efectivo, o trabalhador tem direito a 22 dias úteis de férias,
no ano imediato.
O trabalhador tem direito à retribuição correspondente ao
período de férias, acrescido de subsídio de igual valor, a pagar antes
do seu início
O montante das Contribuições para a segurança social é
calculado pela aplicação da taxa contributiva global sobre as
remunerações reais, consideradas base de incidência, do seguinte
modo: empregador (contribuinte), 23,75%; e Trabalhador, 11%.
Existem algumas diferenças entre os trabalhadores por conta de
outrem e os trabalhadores independentes.
61
62. Um trabalhador dependente tem 14 meses de salário por ano, o
trabalhador independente, muitas vezes, cobra apenas 11 ou 12 e
não tem direito aos subsídios de Férias e Natal.
No caso dos trabalhadores dependentes, a entidade
empregadora desconta 23,75% do salário para a segurança social, o
que não acontece com os trabalhadores independentes, a
contribuição é suportada pelo trabalhador.
Uma entidade patronal deve obrigatoriamente ter um seguro de
acidentes de trabalho para os seus trabalhadores, no entanto, os
trabalhadores independentes têm de o possuir e suportar o custo. Em
muitos casos é também necessário um seguro de responsabilidade
civil.
Os custos de formação profissional podem ser significativos
para uma entidade empregadora e também existem para profissionais
liberais.
A existência do posto de trabalho e das ferramentas a ele
associadas pode atingir valores muito elevados para a entidade
empregadora e também para trabalhadores independentes,
nomeadamente a amortização ou arrendamento das instalações e
mobiliário, computadores, licenças de software, telefone, fax,
electricidade, acesso à Internet, consumíveis e, em alguns casos,
carro e telemóvel.
62
63. HIGIENE , SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO NA
EMPRESA
Desde o ano 1997 que mantenho um contrato com uma empresa
de Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho (HSST), a
INSPECMETRA LDA. Penso que foi uma boa aposta, porque houve
uma redução substancial de acidentes e doenças profissionais na
empresa.
Ao longo dos anos, tem havido uma grande evolução na área
da HSST. Recordo-me que no primeiro ano de contrato, as consultas
com o médico de trabalho eram uma vez por ano e no consultório, no
centro médico da INSPECMETRA LDA, em Valongo.
Actualmente, as consultas realizam-se duas vezes por ano e
numa unidade móvel que se desloca às empresas, o que é vantajoso
para os trabalhadores e para o patrão. Anualmente, também as
deslocações dos técnicos para fiscalização são efectuadas várias
vezes.
A HSST é um direito fundamental dos trabalhadores, a sua
aplicação contribui para o aumento da competitividade, mas acima de
tudo para a diminuição da sinistralidade entre os trabalhadores.
A meu ver, os principais beneficiários das medidas de HSST são
as empresas e o país. Penso que deveria ser uma preocupação
constante de todos os cidadãos melhorar as condições de trabalho e
garantir melhor assistência aos trabalhadores, porque o capital
humano é essencial ao desenvolvimento das empresas e das nações.
63
64. O tecido produtivo somente com trabalhadores saudáveis é
desenvolvido.
Em Portugal, existe legislação que regula todos estes princípios
e é aplicável a todos os ramos de actividade.
Prevê o n.º 1 do art.º 4º do art. D. Lei 141/91 de 14 de
Novembro, a obrigatoriedade de todos os trabalhadores poderem
usufruir de um médico do trabalho. No mesmo decreto-lei, o n.º 1 do
art. 8º, prevê que a entidade patronal é obrigada a assegurar
condições de segurança, higiene e saúde a todos os seus
trabalhadores, sem excepção.
PREOCUPAÇÕES AMBIENTENTAIS NA EMPRESA
O meio ambiente é uma das grandes preocupações na minha
empresa. Este tema é abordado em reuniões mensais com todos os
nossos colaboradores.
Nas reuniões tomamos algumas medidas no sentido de
contribuirmos para um meio ambiente saudável, tais como: nomear
um funcionário para controlar e fiscalizar todas as acções
relacionadas com lixos e resíduos.
Preservar o meio ambiente depende dos responsáveis e
gestores da empresa, mas sobretudo dos funcionários.
Todos os resíduos da empresa são recolhidos por empresas
certificadas. Têm sido instalados equipamentos de extracção de
fumos e poeiras com filtros, para que não sejam lançados na
64
65. atmosfera os gases resultantes das soldaduras, poeiras de lixar e
cortar as madeiras, e os fumos das pinturas.
A empresa dispõe de pontos de armazenamento para separar
todos os resíduos: os desperdícios de ferro, alumínio, inox, madeiras,
papel e plásticos. Também, usamos aparadeiras para evitar o
derramamento para o chão dos óleos usados nas montagens e na
assistência dos sistemas hidráulicos.
A UNIÃO EUROPEIA
Portugal pertence à Europa, um continente que tem um grande
número de estados.
Vários acontecimentos políticos no século XX, deram origem a
novas fronteiras na Europa. Tendo em conta a localização geográfica,
os países europeus são agrupados em quatro conjuntos: Europa
Mediterrânica, Europa Ocidental, Europa Oriental e Europa do Norte.
65
66. Os países europeus têm um grande número de cidades,
destacando-se as que são capitais, por aí se localizarem, geralmente,
as principais instituições políticas, económicas e sociais.
A Segunda Guerra Mundial deixou a Europa muito destruída.
Assim, alguns países europeus constituíram organizações
essencialmente económicas de entreajuda com destaque para a
Comunidade Económica Europeia (CEE).
A Comunidade Económica Europeia (CEE) nasceu a 25 de
Março de 1957 com a assinatura do Tratado de Roma, por seis
países: França, República Federal Alemã, Itália, Holanda, Bélgica e
Luxemburgo.
Em 1993, com o Tratado de Maastricht, a CEE adopta a
designação de União Europeia (EU).
66
67. O funcionamento da EU é assegurado por cinco instituições: o
Conselho de Ministros, a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu
o Tribunal Europeu de Justiça e o Tribunal de Contas.
Para além destas instituições, existem dois órgãos comunitários
de natureza consultiva: o Comité Económico e Social e o Comité das
Regiões. No domínio da política económica e monetária, o Banco
Central Europeu (BCE) desempenha um papel importante.
PATOLOGIAS
A minha mãe foi para mim um exemplo do que é lutar pela vida
ao não se deixar vencer facilmente pelas adversidades.
O agente causador da sua doença sarcoidose era
desconhecido, assim como os seus sintomas e formas de tratamento.
Sabia-se que afectava principalmente o sistema respiratório. Devido à
raridade e ao pouco conhecimento científico sobre a doença não era
possível especificar as suas variáveis ou fazer diagnósticos precisos
sobre a patologia.
Os médicos afirmavam que a sarcoidose era considerada uma
doença rara em Portugal, mas mais frequente nos países africanos,
onde predominam pessoas de raça negra.
Os tratamentos para a sarcoidose eram, essencialmente, à base
de cortisona, substância que a deixava muito debilitada e sem grande
esperança de cura. Perante a situação, a minha mãe resolveu
recorrer às medicinas alternativas. Numa primeira fase a minha mãe
foi a consultas de homeopatia e fez massagens na Ervanária de
67
68. Ermesinde, conjuntamente com a medicação de origem química,
prescrita no hospital e a medicação da ervanária, de origem natural,
receitada pelo Dr. Álvaro. Mais tarde, começou a frequentar as
consultas do Dr. Álvaro, em Viseu, onde existia, para além do
consultório, um laboratório de medicamentos naturais. Lentamente, a
minha mãe abandonou a medicação tradicional, de origem química, e
passou a tomar apenas a medicação natural.
Actualmente, posso afirmar que a medicina natural mudou a
qualidade de vida da minha mãe, apesar de não a ter curado, porque
a sarcoidose é uma doença que não tem cura. Contudo, desde 1992,
a minha mãe não é hospitalizada, devido aos medicamentos naturais.
Hoje em dia, é acompanhada pelo Dr. Álvaro que, entretanto,
abriu um consultório em Braga, onde nos deslocamos mensalmente
para consultas de rotina, massagens e comprar medicamentos, ervas
e chás.
MEDICAMENTOS
Ao longo dos anos, e na tentativa de obtenção da cura da
doença que tem afectado a vida da minha mãe, directa ou
indirectamente, tive que recorrer às medicinas convencionais e
alternativas ganhando dessa forma um maior conhecimento de várias
doenças e vírus bem como as suas terapias, tratamentos e
medicamentos.
68
69. Um medicamento é um produto utilizado para tratar os
fenómenos patológicos do homem e do animal. O medicamento pode
curar, aliviar, ou prevenir as doenças. Um medicamento pode
substituir as substâncias ou os líquidos produzidos pelo organismo ou
neutralizar os germes, parasitas ou outros agentes patogénicos.
São várias as formas de administração: sólida, semi-sólida,
líquida ou gasosa. As formas sólidas podem ser comprimidos,
drageias, cápsulas, pós e supositórios. Nas formas semi-sólidas
figuram as pomadas, pastas, cremes e gel. Os medicamentos líquidos
são as tinturas, as perfusões, as gotas, as soluções em ampolas,
xaropes e sprays. Na forma gasosa figuram as inalações.
São vários os grupos de fármacos que podem ser utilizados
com a finalidade de diminuir a dor, nomeadamente os analgésicos
estupefacientes (opiáceos) e os analgésicos antipiréticos e anti-
inflamatórios. Dos primeiros destacam-se a morfina e codeína e são
muito potentes no alívio de todas as intensidades e origens, mas têm
a capacidade de provocar dependência.
São várias as doenças que evoluem com dor, febre e
inflamação. Assim o grupo dos analgésicos, antipiréticos e anti-
inflamatórios, têm nestas doenças o seu campo de aplicação.
Um antipirético é um medicamento que previne ou reduz a
febre, diminuindo a temperatura corporal que está acima do normal.
Os antipiréticos mais comuns em Portugal são a aspirina e o
paracetamol.
69
70. Um antibiótico é toda a substância que interfere com a
capacidade das bactérias actuarem normalmente. Pode actuar
inibindo o seu crescimento ou matar as bactérias.
Os antibióticos são usados para tratar infecções bacterianas,
que variam desde doenças quase mortais, como a meningite, a
problemas comuns como o acne e a amigdalite. No entanto, os
antibióticos não servem para curar doenças causadas por vírus, tais
como constipações ou gripe.
O antibiótico pode agir como bactericida, quando actua
eliminando as bactérias, ou, como, bacteriostático, quando interrompe
a sua proliferação.
Quando as bactérias desenvolvem a capacidade de se defender
do efeito de um antibiótico, diz-se que adquiriram resistência aos
antibióticos. Ao longo dos anos as bactérias patogénicas, as que
causam doenças, tornaram-se resistentes a muitos antibióticos devido
ao abuso ou uso incorrecto dos mesmos.
Mesmo que uma pessoa se sinta melhor, deverá continuar a
tomar o antibiótico exactamente como o médico receitou. Se não
terminar o antibiótico, algumas das bactérias perigosas podem não
morrer e pode voltar a ficar doente. As bactérias que estão ainda
vivas poderão também tornar-se resistentes e fazer com que a
infecção se torne mais difícil de tratar.
Os antibióticos não são tão eficazes se não forem tomados a
horas. Como os medicamentos permanecem no organismo durante
um certo período de tempo, devemos tomar cada dose de acordo com
70
71. as instruções do médico. Tomar antibióticos de forma irregular
permite que as bactérias se adaptem e se multipliquem, aumentando
o problema da resistência aos antibióticos.
Nunca devemos tomar o resto de antibióticos guardados, quer
sejam de outra pessoa ou nossos. Antibióticos específicos são
eficazes no combate a bactérias específicas e é errado pensar que o
antibiótico de outra pessoa irá funcionar. Os antibióticos devem
sempre ser tomados até ao fim, excepto quando o médico dá
instruções para parar. Qualquer resto de medicamento deve ser
devolvido à farmácia.
I made a phone call to a pharmacy located in Maia:
Laurentino: Good Afternoon.
Pharmacy: Good Afternoon.
Laurentino: My name is Laurentino Barros, I live in Porto and I
would like to know if your pharmacy has the medicine Aspegic.
Pharmacy: Yes, we have.
Laurentino: I need it as soon as possible because it is
exhausted in my city. Please send it to me.
Pharmacy: We can do this, but we need a fax from you with the
request of the product.
Laurentino: Ok, I’ll send you the fax. But tell me, how can I do
the payment?
Pharmacy: At the moment of the delivery you’ll pay.
Laurentino: How long do I have to wait for the medicine?
71
72. Pharmacy: Tomorrow morning you’ll have it at home.
Laurentino: Thank you, I look forward it.
Estas linhas de orientação são importantes porque quando os
antibióticos não são usados correctamente, as bactérias fracas são
mortas, mas as mais resistentes sobrevivem e multiplicam-se. Estas
bactérias resistentes podem causar infecções que são muito difíceis
de tratar, o que significa que os antibióticos podem não ser tão
eficazes quando são mesmo necessários
PSICOFÁRMACOS
O grupo dos psicofármacos engloba três grupos de
medicamentos: ansiolíticos, sedativos e hipnóticos; psicodepressores
e antipsicóticos; e antidepressivos.
Os ansiolíticos, sedativos e hipnóticos têm como principal
indicação o tratamento da ansiedade e/ou a indução ou manutenção
do sono, como por exemplo: Xanax, Lexotan, Tranxene, Valium e
Serenal.
Os psicodepressores e antipsicóticos são usados no tratamento
da esquizofrenia outras psicoses e alterações de comportamento,
entre os quais o Socian e o Largactil.
Os antidepressivos são medicamentos cuja acção decorre no
sistema nervoso central, normalizando o estado do humor, quando se
encontra deprimido, o que equivale para o doente a tristeza, a
angustia, desinteresse, desmotivação, falta de energia, alterações do
72
73. somo e do apetite, etc. Os medicamentos antidepressivos não actuam
quando o estado do humor é normal, distinguindo-se dos
psicoestimulantes. São exemplos de antidepressivos o Deprimil e o
Prozac.
A automedicação é um processo que conduz a que o doente
assuma a responsabilidade de melhoria da sua saúde sem recurso à
consulta médica. Esta independência do doente permite-lhe resolver
situações auto-limitadas e de curta duração.
A automedicação tem sido alvo de discussões na União
Europeia (UE), tendo havido consenso quanto ao facto de se
recomendar apenas para o alívio de sintomas, não excedendo a
duração de sete dias (três para o caso de febre), requerendo atenção
especial da grávida, mulheres a amamentar, bebés e crianças e ainda
contra-indicada quando os sintomas forem graves, persistentes, ou
quando houver suspeita de reacções adversas responsáveis pelos
mesmos.
A lei portuguesa define 41 situações que são passíveis de
automedicação, das quais destaco: contracepção de emergência e
métodos contraceptivos, dores musculares e de cabeça ligeiras e
moderadas, contusões, febre, diarreia, queimaduras de primeiro grau,
vómitos, hemorróidas, dores de dentes, tratamento local de varizes,
feridas superficiais, irritação ocular, prisão de ventre, azia e
endoparasitoses intestinais.
Destaco três situações de risco de auto-medicação:
73
74. O Efeito cumulativo, quando uma pessoa consome uma grande
quantidade de um determinado remédio por muito tempo. Como por
exemplo, o princípio corticóide, encontrado em anti-alérgicos. O
medicamento, nesse caso, além de combater o antigene da doença,
extermina também as células imunológicas, enfraquecendo o sistema
de defesa do organismo;
A Sobredosagem, que pode causar intoxicações graves e
provocar reacções adversas;
A Baixa dosagem, nos antibióticos, por exemplo, uma dosagem
menor do que a necessária, em vez de destruir, aumenta a
resistência das bactérias e o medicamento deixa de ter efeito.
A receita médica não é obrigatória para todos os medicamentos.
A obrigatoriedade da receita médica depende da classificação dos
medicamentos quanto à dispensa: medicamentos sujeitos a receita
médica (MSRM) ou medicamentos não sujeitos a receita médica
(MNSRM).
Em Portugal, o Decreto-Lei n.º 134/2005, de 16 de Agosto, com
as alterações que lhe foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.º
238/2007, de 19 de Junho, indica quais os medicamentos não sujeitos
a receita médica e que podem ser comprados sem a apresentação da
receita emitida pelos médicos.
Os medicamentos que só podem ser adquiridos com receita
médica são-no geralmente porque podem constituir, directa ou
indirectamente, um risco, mesmo quando usados para o fim a que se
destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica.
74
75. Dos medicamentos referidos, apenas os analgésicos não
estupefacientes, anti-inflamatórios e antipiréticos não estão sujeitos a
receita médica
GENÉRICOS
Um medicamento genérico é um medicamento com a mesma
substância activa, forma farmacêutica e dosagem, e com a mesma
indicação que o medicamento original, de marca. Os medicamentos
genéricos têm a mesma qualidade, eficácia e segurança, mas a um
preço 35% inferior ao medicamento original. O medicamento genérico
é mais barato porque os fabricantes de genéricos, ao produzirem
medicamentos após ter terminado o período de protecção de patente
dos originais, não têm os custos inerentes à investigação e
descoberta de novos medicamentos. Assim, podem vender
medicamentos genéricos com a mesma qualidade mas a um preço
mais baixo do que o medicamento original.
Os medicamentos genéricos são identificados pela
Denominação Comum Internacional (DCI) das substâncias activas,
seguida do nome do titular da Autorização de Introdução no Mercado
(AIM) ou de um nome de fantasia, da dosagem e da forma
farmacêutica e da sigla «MG», inserida na embalagem exterior do
medicamento.
Os medicamentos genéricos são comparticipados com base nos
mesmos escalões que os restantes medicamentos, mas têm uma
comparticipação 10% superior.
75
76. Os médicos e os farmacêuticos estão informados sobre os
benefícios dos medicamentos genéricos, mas cabe-nos a nós,
cidadãos, questionarmo-nos sobre a opção de adquirir um genérico.
Até porque, caso exista um medicamento genérico para o tratamento
do nosso problema de saúde, o resultado está assegurado através
dos controlos de produção, qualidade e segurança. De facto, estou
convencido de que a opção da utilização de medicamentos genéricos
é a melhor escolha.
COMPOSIÇÃO DOS MEDICAMENTOS
Os medicamentos são compostos por substâncias activas e
excipientes.
O princípio activo é a substância de estrutura química definida
responsável por produzir uma alteração no organismo que pode ser
de origem vegetal ou animal. A investigação moderna utiliza
sobretudo substâncias activas artificiais, obtidas através de síntese
química, técnicas da biotecnologia ou de género genético.
Os excipientes são as substâncias que existem nos medicamentos e
que completam a massa ou volume especificado. Um excipiente é
uma substância inactiva usada como veículo para o princípio activo,
assim como para facilitar o seu fabrico, corrigir o sabor e cheiro, etc.
ROTULAGEM DOS MEDICAMENTOS
A informação que consta da rotulagem dos medicamentos é
aprovada pelo INFARMED. Da informação que consta
obrigatoriamente da embalagem, destaca-se a seguinte: o nome do
76